José Pires, CIO da instituição, detalha todo o aparato tecnológico por trás do processo, que no ano passado beneficiou mais de 140 mil titulares de músicas com a distribuição de R$ 902,9 milhões.
Responsável por centralizar a arrecadação e a distribuição dos direitos autorais de execução pública musical, o trabalho diário do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) é desafiador. A instituição privada, sem fins lucrativos, tem a tarefa de monitorar mais de 600 rádios, 48 canais de TVs, centenas de shows ao vivo, festas e eventos públicos em geral, para repassar, com assertividade, os diretos autorais de seus titulares.
Somente em 2014, o Ecad distribuiu R$ 902,9 milhões a 140.438 titulares de músicas, entre compositores, intérpretes, músicos, editores, produtores fonográficos e associação. O número representa salto de 12% no valor distribuído no ano anterior.
Esses resultados não teriam sido satisfatórios, de acordo com a instituição, sem o apoio constante das tecnologias que estão por trás, conferindo eficiência e agilidade às atividades de todas as áreas do Ecad. Nos últimos cinco anos, o Ecad investiu mais de R$ 20 milhões em soluções tecnológicas, desenvolvidas pela sua equipe de Tecnologia da Informação. E o aporte não para. Em 2015, o orçamento de TI é de R$ 16 milhões, incluindo despesas e investimentos, para promover constantes melhorias em seus sistemas.
Há 18 anos no Ecad, José Pires, CIO da instituição, é um dos grandes responsáveis por essa evolução, mas ele afirma que todas as áreas de negócios são patrocinadoras das iniciativas da TI. "Nas reuniões de board, da qual TI participa, todos entendem o valor da tecnologia da informação e, além de apoiar as iniciativas, são grandes demandantes", sintetiza.
Um dos resultados da atuação da TI é o Ecad.Tec CIA Audiovisual. Lançado no final de 2014, e atualmente em fase de produção assistida, o software foi desenvolvimento em parceria com a PUC-Rio e especialistas da USP de São Carlos, com o objetivo de captar, gravar e identificar automaticamente as músicas executadas na programação das TVs abertas e por assinatura por meio de um recurso batizado de DNA – código individualizado que contém as características de músicas como autor, tempo e execução. Sistema semelhante foi lançado alguns anos antes, em 2011, para o rádio, o Ecad.Tec Rádio.
Segundo Pires, além de tornar o trabalho de captação e armazenamento das canções executadas na TV e na rádio mais dinâmico e rápido, os softwares tornam o processo mais seguro e auditável. "Contamos com antenas em 34 localidades para o rádio e no Rio Janeiro a antena para captação na TV", enumera o executivo.
O repasse para os titulares das músicas somente acontece, no entanto, caso eles cadastrem informações sobre suas obras e fonogramas em uma das nove associações brasileiras de gestão coletiva musical que administram e controlam o Ecad. Essas informações são enviadas para o banco de dados do Ecad, possibilitando a identificação correta tanto dos titulares como de suas criações. Os dados estão também disponíveis para pesquisa no site
www.ecadnet.org.br, em linha com a estratégia da instituição de transparência e facilidade de acesso.
Mobilidade
Já faz um tempo, o Ecad ingressou na era da mobilidade e equipou cerca de 200 técnicos com smartphones para padronizar e otimizar o trabalho de campo das áreas de arrecadação e distribuição. Os aparelhos são acompanhados por uma impressora térmica Bluetooth conectada aos sistemas de arrecadação e distribuição do Ecad. "Equipados com esse aparato, os profissionais além de educarem sobre a necessidade de repasse de diretos autorais nos estabelecimentos, eles podem, no momento, já emitir a fatura para pagamento", explica Pires.
Com o Ecad Tec. Móvel, segundo detalha Pires, as equipes de arrecadação podem realizar tarefas como cadastramento de um usuário de música, consultas ao banco de dados do Ecad, acordos para recuperação de débitos e impressões de boleto bancário em tempo real, de onde que estejam. Já as equipes de distribuição efetuam cadastros de controle das execuções musicais, consultas ao sistema do Ecad para pesquisa de obras musicais, intérpretes e usuários de música, além de atualização de cadastros.
O que está por trás?
Pires conta que em 2014, o banco de dados do Ecad somou 5,4 milhões de obras musicais, 116 mil obras audiovisuais e 3,7 milhões de fonogramas. Somente na parte audiovisual o data center do Ecad acumula, por ano, 45 terabytes de dados.
Para suportar esse volume, o aparato tecnológico do Ecad é robusto: são 89 servidores físicos, 134 virtuais, banco de dados, sistema de backup, segurança e uma estrutura de rede e comunicação. Tudo isso suportado por um data center principal e um de contingência. Além disso, um sistema de Business Intelligence faz as análises para agilizar as tomadas de decisão. O Marketing, por exemplo, analisa os dados para facilitar o processo de arrecadação de direitos autorais.
Como parte da evolução tecnológica constante do Ecad, Pires adianta que a instituição está em processo de migração do armazenamento das captações de TV para a nuvem. "Temos um grande volume nessa frente e isso nos ajudar a ganhar escalabilidade", pontua.
Segundo Pires, a instituição também está em conversas avançadas com os serviços de streaming de música, como Spotify, Apple Music e outros, para estabelecer um modelo para mapeamento de músicas para repassar os direitos autorais dos autores. Além disso, cada vez mais, a área de TI tem apostado em metodologias ágeis de desenvolvimento, como Agile e DevOps, para acelerar projetos e implementar soluções em linha com a demanda das áreas internas e do mercado. "Buscamos sempre estar em linha com o que há de mais moderno e atual para trazer inovação para nossos negócios", finaliza o executivo que fez do Ecad três vezes uma das 100 empresas mais inovadoras no uso da tecnologia da informação, estudo produzido pela IT Mídia em parceria com a PwC.
*A jornalista viajou ao Rio de Janeiro a convite do Ecad