De Hollanda ao português
A semana que se encerrou ontem foi agitada. E envolveu, a partir de Brasília, dois fatos preocupantes .O leitor mais perspicaz já deduz que o primeiro remete ao livro “Por uma vida melhor”, distribuída pelo MEC a meio milhão de alunos pelo Programa Nacional do Livro Didático. Li artigos na quase totalidade dos jornais do país, todos eles contra a possibilidade de que ao vernáculo se admitam agregar erros grosseiros de grafia e de concordância tipo “nóis vai pegar o peixe”. A última manifestação contra a possível adesão à língua chula – e dessa participei – foi a da bicentenária Associação Comercial do Rio, cujo Conselho de Cultura também manifestou sua profunda preocupação. O segundo fato foi a fogueira em que uma estrutura cruel fez envolver a Ministra Ana de Hollanda. Eu como integrante da comunidade cultural em vida já tão espichada, há muitos não via uma campanha tão persistente contra um ministro.
No caso, uma ministra que é uma artista, uma cantora, uma experiente administradora de bens culturais por anos a fio. Fui testemunha do excelente trabalho de Ana até a pouco como vice-presidente do meu amado Museu da Imagem e do Som do Rio.
Ana de Hollanda, posso afiançar, é dotada das melhores intenções, além de um ser humano que se pauta por ideais, e compostura de comportamento pessoal. Não fosse filha de quem é, nem tivesse os irmãos honradíssimos que tem.
Não entro – nem quero, porque isso já foi discutido à exaustão – na polêmica questão dos direitos autorais. Mas é fundamental que sejam esse direitos administrados – como também Ana defende – por seus titulares . E só por eles, que os produzem e os qualificam. Nunca pela interferência direta do Estado.
O que se deve desejar? Tão somente que Ana de Holanda tenha paciência e persiga a verdade como vem procurando. E tão somente a verdade…
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin