Exemplo de bom negócio associado à sustentabilidade, o chamado plástico verde da petroquímica Braskem, líder em resinas termoplásticas na América Latina, está perto de ser produzido em escala comercial. No segundo semestre de 2010, entrará em plena operação a primeira unidade produtora de plástico verde em escala industrial do mundo, instalada em Triunfo (RS), com capacidade de produção de 200 mil toneladas por ano. O plástico verde é obtido do etanol, e portanto da cana-de-açúcar, matéria-prima renovável, com a vantagem de sequestrar CO2 (gás carbônico) da atmosfera. Para cada tonelada de plástico verde produzido há o sequestro de 2,5 toneladas de CO2, além do que, ele é totalmente reciclável.

Atualmente, a companhia fabrica 12 toneladas anuais do plástico verde em uma unidade piloto, também em Triunfo. É com essa matéria-prima que a Braskem, do grupo Odebrecht, tem firmado parcerias com outras empresas preocupadas com a sustentabilidade. O acordo mais recente foi fechado com a Johnson & Johnson no início do mês, que por ocasião dos 25 anos da marca de seu protetor solar Sundown deverá dar a ele embalagem em plástico verde. A novidade chegará ao consumidor no verão 2011/2012, e a Johnson & Johnson estuda ampliar a utilização da matéria-prima para outras linhas. Antes dela, em 2008, a fabricante de brinquedos Estrela já havia firmado parceria com a Braskem para a criação do jogo Banco Imobiliário Sustentável, cujas peças são feitas em plástico verde e as cartas e embalagem em papel e papelão reciclados. Assim que for dada a partida, com a produção em grande escala na fábrica de Triunfo, a Estrela pretende exportar o jogo aos Estados Unidos e a países da Europa. Também foi em 2008 que a Braskem fechou acordo com a Toyota Tsusho, braço da Toyota Company, para comercializar o PE Verde na Ásia a partir de 2011.

Como explica o diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem no Brasil, Jorge Soto, a fábrica que está sendo construída no Polo Petroquímico de Triunfo demandará investimentos da ordem de R$ 500 milhões e gerará por volta de 1,5 mil empregos. Lá serão produzidos o PEAD (Polietileno de Alta Densidade) e o PEBDL (Polietileno de Baixa Densidade), dois dos insumos de maior aplicação no mercado de plásticos. A tendência é que o PE verde, como é chamado, se expanda rapidamente, pois possui várias vantagens sobre os outros de origem vegetal, como o milho, por exemplo, e é fabricado nos mesmos maquinários usados para produção de plásticos obtidos a partir do petróleo, afirma o diretor.

A Braskem publicou seu primeiro relatório de responsabilidade socioambiental em 2003, e desde 2005, pelo quarto ano consecutivo, a companhia integra o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) organizado pela Bovespa. O ISE destaca as empresas que cumprem a responsabilidade social e que têm foco na produção com sustentabilidade a longo prazo. O índice já tornou-se diferencial de mercado e pode estimular as boas práticas em toda a cadeia produtiva. Nosso propósito está na sustentabilidade, por isso buscamos parceiros que também se preocupem com as questões sociais e com a saúde do planeta hoje e no futuro, diz o executivo.

Soto destaca que as políticas socioambientais da Braskem são transmitidas a seus 4,8 mil funcionários que atuam em 18 plantas industriais no País, situadas em São Paulo, Rio Grande do Sul, Alagoas e Bahia. Além desse pessoal, há outros 11 mil parceiros que também tomam conhecimento das práticas sustentáveis adotadas pela companhia e que, de alguma forma, integram esse processo.

No Rio Grande do Sul e Bahia, a Braskem produz eteno e propeno, matérias-primas fundamentais para a produção de resinas termoplásticas. São os chamados petroquímicos básicos ou de primeira geração. Nos quatro Estados onde tem operações, a empresa ainda mantém unidades para a produção de plásticos de segunda geração; polietileno, polipropileno, PVC e os insumos cloro, soda e caprolactama, esse último usado na produção de fios de náilon.

A Braskem foi constituída em 16 de agosto de 2002 e tem sua origem da integração de seis empresas: Copene, OPP Química, Trikem, Polialden, Proppet e Nitrocarbono. No ano passado, ela concluiu a incorporação dos ativos da Ipiranga Petroquímica, Copesul e Petroquímica de Paulínia. A Braskem é controlada pela Organização Odebrecht, grupo empresarial brasileiro. No ano passado, ela investiu R$ 70 milhões no desenvolvimento de novas resinas e assim conseguiu sua 219ª patente industrial. A empresa produz em média, 11 milhões de toneladas anuais de produtos e tem cerca de 7 mil clientes no Brasil e Exterior. No ano passado, a Braskem obteve receita líquida de R$ 18 bilhões, e projeta aumento na demanda por resinas temoplásticas neste ano de 4% a 5%. Neste ano a companhia tem investido por volta de R$ 900 milhões na expansão de sua capacidade, novos projetos e em paradas programadas. Em 2008, a petroquímica fechou o ano com 50% do mercado interno de polietilenos, 53% de participação no de polipropileno e 51% no de PVC.

Como afirmou Soto, no ano passado, a empresa analisou seus projetos e investimentos sociais. O diagnóstico mostrou que tínhamos 47 projetos sociais, ambientais e culturais, muitos deles herdados das empresas que incorporamos. Alguns deles não estavam em sintonia com nossas políticas nem eram reconhecidos por 40% das lideranças e do público interno, enfatiza o executivo. Assim, a empresa deixou de dar prosseguimento a 28 deles, e reformulou sua estratégia, critérios de seleção e a forma de repasse das verbas, dentre outros itens. A Braskem, desde sua criação, pratica os compromissos do programa de Atuação Responsável promovido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), iniciativa da entidade há mais de 17 anos.

Soto afirmou que neste ano ocorreram evoluções no campo ambiental dentro da empresa. A cada tonelada de resina produzida geramos apenas 2,72 quilos de resíduos sólidos, os quais têm destino adequado para não agredir a natureza. No passado, esse volume chegou a ser de 8 quilos por tonelada produzida, explica o executivo. Segundo ele, a evolução também se deu com relação à água. De janeiro a setembro deste ano, a Braskem usou 4 metros cúbicos de água para produzir uma tonelada de resinas termoplásticas. Número inferior aos 5,5 metros cúbicos necessários no passado. De 2002 a 2008, a Braskem reduziu em 13% seu consumo de água, 1% o de energia, houve 48% de redução no volume de efluentes líquidos e de 66% na emissão de resíduos sólidos.

Nas várias regiões onde atuamos mantemos ações que visem a sustentabilidade, como por exemplo, o Programa de Educação Ambiental Lagoa Viva, por meio do qual são ministradas aulas de educação ambiental, inglês, música, apicultura etc à população de Maceió (AL) e de outros 26 municípios de Alagoas, detalha o diretor.

Ecad: no compasso do social

O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) está fazendo, desde sua criação, em 1977, com que o Brasil seja reconhecido como um dos países mais avançados em relação à distribuição de direitos autorais das músicas. O Ecad, no entanto, não é formado somente por números, tecnologia e processos. Ele é constituído por funcionários interessados em atuar em suas comunidades, segundo afirma a gerente executiva de marketing do Ecad, Bia Amaral. Foi este foco no desenvolvimento que fez com que a instituição se voltasse para as questões sociais.

Em 2007, o Ecad intensificou essa estratégia ao adotar nas 24 unidades espalhadas pelo Brasil uma política com ações de responsabilidade social corporativa, na criação do programa Ecad Social, que tem como objetivo promover entre seus funcionários o cuidado com a preservação ambiental, a defesa da cidadania, o estímulo ao voluntariado, a utilização dos recursos materiais de forma consciente e responsável e o desenvolvimento sustentável da sociedade.

Todos os funcionários do Ecad, inclusive os da área de recursos humanos, elogiaram muito a iniciativa de responsabilidade social. Fizemos uma pesquisa de clima, em que muitos disseram não saber como ajudar o próximo. As pessoas têm muita vontade de ajudar, mas não sabem como podem fazer isso, diz Bia Amaral.

Segundo ela, palestras socialmente relevantes sobre responsabilidade social, voluntariado, reciclagem, meio ambiente, alcoolismo, drogas e direção consciente são realizadas com o intuito de aprimorar a cidadania e o senso de responsabilidade social dos colaboradores. Fazemos duas grandes ações por ano, uma em cada semestre. Temos ações menores que ocorrem ao longo do ano também. Cerca de 90% dos funcionários do Ecad estão engajado no projeto Ecad Social, assinala.

De acordo com a executiva, apoios culturais, realizados por meio do pagamento dos direitos autorais musicais, doação para entidades beneficentes de equipamentos não utilizados em seus escritórios e compra de brindes institucionais que utilizam em sua composição materiais reciclados, assim como a preferência por produtos comercializados por fornecedores preocupados com a responsabilidade social, também estão entre atitudes da empresa.

Em outubro e dezembro de 2008, disse a executiva, os cerca de 660 funcionários do Ecad de todo o País tiveram a oportunidade de beneficiar pessoas necessitadas. Em comemoração ao dia das crianças, os voluntários de cada unidade escolheram, em suas comunidades, uma entidade que auxiliasse crianças e precisasse de ajuda. Por meio do Ecad os funcionários organizaram recreações com as crianças e promoveram a compra de brinquedos, alimentos, calçados, roupas e utensílios para a casa, além de produtos de higiene e limpeza. Esse natal queremos fazer o mesmo ou melhor, acrescenta.

No último natal, o Ecad permitiu que 18 outras instituições fossem ajudadas. Além de crianças carentes, abandonadas ou portadoras de doenças como HIV ou câncer, foram escolhidas casas de auxílio a deficientes físicos e mentais, idosos e mulheres vítimas de violência doméstica, além das crianças prejudicadas pelas enchentes que abateram o estado de Santa Catarina, diz.

O Ecad pretende fazer no primeiro semestre de 2010, de acordo com Bia Amaral, uma gincana cultural. Ainda não terminamos de programar essa gincana. Mas já sabemos que vamos envolver conteúdos de música, preocupação com o meio ambiente, preocupação com o voluntariado entre outras. Essa gincana terá também uma competição entre as unidades do Ecad. Enfim, acreditamos que todas as empresas deveriam ter esse lado de responsabilidade. Todos saem ganhando.