Fora dos holofotes, o podcast resiste
Mesmo longe do hype inicial de sua criação, em 2006, formato se profissionaliza e cativa nichos de ouvintes brasileiros
FILIPE PACHECO E FILIPE SERRANO
Está lembrado dos podcasts, aqueles programas de áudio, parecidos com apresentações de rádio, transmitidos pela web? Se no exterior a audiência deles explodiu nos últimos anos, no Brasil o assunto esfriou desde 2006. Ao contrário de outras formas de autopublicação na internet, como blogs e vídeos, o áudio ficou restrito a um público principalmente interessado em tecnologia ou música, que busca informação e diversão de uma maneira diferente do texto escrito.
Agora os podcasts reaparecem aos poucos em uma agitação que não se via desde o final de 2005. Recentemente um grupo da Associação Brasileira de Podcasters (Abpod) chegou a um acordo inédito com o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) para que os podcasts toquem músicas sem infringir direitos autorais. A preocupação existia desde que surgiram os primeiros programas. Por uma mensalidade de R$ 42,51, é possível tocar as músicas online dentro da lei.
O acordo tem contradições. Grande parte dos podcasts são amadores, não têm lucro e ainda divulgam artistas, em geral, sem espaço nas rádios. Mas a parceria é uma opção para podcasts com ambição de se tornar profissionais.
Outra iniciativa dos podcasters buscou conhecer melhor seus ouvintes. Entre maio e junho foi feita uma pesquisa online para analisar o comportamento de quem ouve podcast no Brasil.
Foram pouco mais de 430 participantes, a maioria (83%) não produz podcasts. O perfil traçado pela PodPesquisa, como foi batizada, é o seguinte: o ouvinte de podcasts é homem (90,9%), tem entre 19 a 35 anos (80,6%), educação superior (77,3%), usa internet banda larga (97,9%) e baixa os arquivos de áudio pelo iTunes (51,8%).
“Acredito que os números representem mais os ouvintes dos podcasts que divulgaram a pesquisa, mas já é um começo”, diz Marcelo Oliveira, criador da PodPesquisa e que faz o Fritzlândia. Apesar da predominância masculina, também há espaço para as mulheres. “Começamos falando sobre assuntos femininos, mas conquistamos muitos ouvintes homens e hoje conversamos sobre de tudo um pouco”, diz Raquel Gonçalves, a “Mafalda” do Monacast (www.monalisadepijamas.com.br).
O segundo semestre promete discussões quentes. Desde sexta-feira, qualquer internauta pode sugerir seu podcast favorito em www.premiopodcast.com.br. Em dezembro, acontece a 2ª Conferência de Podcast, durante o Fórum de Mídias Digitais. O Link entra no mundo dos podcasts nesta edição para mostrar como funciona essa mídia democrática já não tão nova assim. E, claro, trazemos dicas para ouvir e criar podcasts.