Fusa, semifusa e confusa, por Maria Helena RR de Sousa
escrevi um artigo no qual falava em William Waack e seu programa na Globo News,
Painel. Hoje, abro este texto comentando sobre sua firme mediação em um debate
que houve nesta última Flip.
Antes que me
acusem de “cismar” com William Waack, coisa natural dado ele ser homem
inteligente e charmoso, digo que no vídeo sobre o debate ele se refere à lição
que aprendeu ao longo de sua carreira de repórter político e que transmitiu à
plateia: “movimentos sociais sem uma clara definição e rumo político, em geral,
provocam menos mudanças do que as esperanças que esses movimentos despertam”.
Nem querendo
eu duvidaria da lição de jornalista tão experiente, pois, nos últimos dias, tive
provas que as esperanças despertadas estão indo para o recanto das quimeras.
Creio que a
maioria dos leitores do Blog do Noblat sabe que sou filha de um compositor da
MPB. Acompanhei, estarrecida, a tramitação do projeto de lei sobre a mudança das
regras para arrecadação e distribuição dos direitos autorais.
Depois da
morte de meu pai escolhi a associação que bem entendi para me representar junto
ao ECAD, como cidadã livre e dona do meu nariz e daquilo que é meu.
É de meu
interesse examinar a prestação de contas que recebo mensalmente. Se não estiver
satisfeita ou se quiser trocar de associação, sou livre para fazê-lo.
Ora, de
repente, porque um grupo de compositores foi ao Congresso, estão mexendo em tudo
e com rapidez impressionante.
Em apenas 8
dias o projeto passou pelo Senado, foi para a Câmara, voltou ao Senado e já foi
enviado à Presidência da República.
Com as ruas em
polvorosa, é espantosa a importância federal que deram a um assunto que só diz
respeito a detentores de direito autoral.
Foi uma
esperança desfeita: agora, o ECAD, instituição privada, será gerido
pelo Estado!
Confusa, fico
cabisbaixa e quem me ampara? O Dr. Consulta. Que não é uma quimera, mas uma
clínica médica privada onde não vale convênio, nem cartão do SUS! Com médicos
que trabalham ali e no Sírio e Libanês e no Einstein: consultas a R$40,00 com um
clínico-geral e a R$60,00 com médicos de dez especialidades.
Na boca de uma
favela em São Paulo, uma dúzia de médicos, oriundos de boas universidades e do
corpo clínico dos dois hospitais de ponta, atende em uma clínica sem luxo algum
na decoração, mas com todo o luxo tecnológico necessário para um atendimento de
qualidade.
Por favor,
leiam a matéria. Depois, fechem os olhos e imaginem: não seria a perfeição o
Governo Federal, em vez de um Ato Médico que só vai servir para diminuir o
número de estudantes dispostos a se dedicar à medicina, espalhar clínicas
semelhantes por este Brasil afora? (Estadão, 22/06/2012).
Maria Helena
Rubinato Rodrigues de Sousa
escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Ela
também tem uma fanpage e um blog – Maria Helena RR de Sousa.