CIO do Ecad trabalha focado no negócio fim
José Pires, que já venceu o prêmio As 100+ Inovadoras no Uso de TI, fala sobre processo contínuo de inovação que tenta impor à empresa
Uma das metas de José Pires, gerente-executivo de Tecnologia da Informação do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), é ver 100% dos processos da instituição automatizados. De acordo com ele, isso já está encaminhado. Mas este não é o único desafio do executivo. Ele tem uma clara missão de manter a inovação acesa na instituição que hoje conta com 65 profissionais no departamento de TI.
Parte do trabalho de gerar coisas novas é feito por meio de parcerias e, atualmente, a PUC do Rio de Janeiro é uma das instituições que dão suporte na empreitada. Pires, que já venceu na premiação As 100+ Inovadoras no Uso de TI, organizada anualmente pela IT Mídia, lembra que o projeto vencedor na ocasião, por exemplo, vem em constante evolução.
Na época, ele venceu com um sistema que automatizava a captação de músicas tocadas em rádios para efetuar a cobrança cabível durante a execução. Para este ano, a ideia é que o produto se torne audiovisual. O desenvolvimento está praticamente finalizado e o lançamento deve ocorrer ainda em 2013. “A captura para TV tem um sistema similar ao de em rádio, mas não é igual. No rádio, a música é linear e vai uniforme, sem ruído. Na TV, pode ser música de fundo, abertura de jornal e, normalmente, tem narração na execução.”
Além disso, dependendo do programa televisivo, tem participação da plateia com aplausos, a banda pode executar a música de maneira diferente da gravação original (o banco de dados do Ecad possui três milhões de músicas), enfim, são diversas as possibilidades, que só aumentam a complexidade da solução a ser aplicada. “O projeto segue a mesma linha, mas a tecnologia é diferenciada para cada momento. Numa transmissão ao vivo, pode ter um helicóptero pousando, e o barulho interfere, o software precisa ser mais sensível. A complexidade é muito maior, o sistema precisa de algoritmos para ignorar ruídos na captação. O sistema separa o que é música daquilo que não é.”
No fundo, isso vem para acelerar e facilitar o processo de identificação da música que hoje fica muito na mão de um auditor e dependente de gravações, principalmente, quando falamos em programas de TV e eventos ao vivo. Toda essa evolução seria impensável há alguns anos, quando o Ecad terceirizava o serviço de captação, mas uma assembleia da instituição optou por internalizar o processo, até por entender que se tratava de algo crítico ao escritório.
Foi nesse processo de trazer a inteligência para dentro de casa novamente que entrou a figura da PUC do Rio de Janeiro. Pires lembra que chegou a conversar com outras instituições de ensino, mas a PUC se mostrou a maior interessada e, ao longo dos últimos quatro anos, se tornou uma grande parceira do Ecad, até pela proximidade (ambos estão no Rio). Esse movimentou reflete até uma tendência na TI de forma geral. Num passado recente, houve uma grande onda de outsourcing e, depois, por entenderem que muita coisa crítica estava fora da empresa, os CIOs resolveram trazer tais processos para dentro de casa novamente.
Além disso, a busca por um trabalho com universidade mostra que existe uma grande oportunidade em melhor aproveitar as ideias que circulam na academia e que, muitas vezes, ficam isoladas. A indústria de TI se aproveita mais dessa aproximação, mas, como visto no exemplo do Ecad, os executivos de TI devem ficar mais atentos a esse ambiente.